Muito além de ressaca moral. Na verdade, passa bem longe
disso. Não me arrependi. É que o vazio continua aqui. Não que eu quisesse preenchê-lo
com um momento tão fortuito. Mas eu queria fazer alguma coisa, dar um passo a
diante, sair da zona de conforto. E saí. Pelo menos por algumas horas. Curti
aquela onda por algum tempo, dormi. Agora eu acordei e vi que talvez eu ainda
precise permanecer fora da zona de conforto por mais tempo. Quem sabe assim eu
aprenda a me conhecer melhor, saber do que gosto e o que quero para mim.
Talvez seja algo muito óbvio para todo mundo, mas tenho
percebido isso faz pouco tempo: há uma grande diferença entre o que a gente
imagina que é bom, e o que realmente faz bem. Talvez ter me privado de muita coisa
no passado possa ter trazido muitos sentimentos juntos, misturados, bagunçados,
confusos. Agora, nesse caos, tento classificar as cores pelos cheiros, os
toques pelo gosto, e a paixão prolongada pela mais pura fugacidade.
Acho que essa anestesia que sinto agora é fruto da dúvida,
do possível falso desejo e da incerteza do que vou querer amanhã. Mas sei que
ainda virá muita coisa para me confundir ainda mais, aguçar o meu desejo pelo
desconhecido e, além de me instigar a curiosidade, trazer as chagas de uma
história mal resolvida aqui dentro.
“Enquanto há desejo, não há paz.”
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