segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Ei, Renata!

Já vi que o mundo tá pesando aí dentro. Eu sei como é. Todo mundo sabe. A tristeza é um ótimo combustível pra reflexões, não é mesmo? É sim. Tenho acompanhado seus escritos chorosos, melancólicos... Sempre acho muito legal. Gosto de coisas assim.

Eu não sei se a causa dessa dor é o peso da rédia que você assumiu, ou se é a somatória de tantas outras coisas que já te causaram desgaste. Daqui de onde eu posso acompanhar, percebo que você está perdida no meio disso tudo como se não houvesse nada. Também me sinto assim... o tempo todo. Um eterno vazio. Nem bom, nem ruim. Nem alegre, nem triste.

Apesar de ser um momento agoniante, é bom. Serve para tirar tudo do lugar. Ajuda a enxergar aquela poeira escondida nos cantos, ou achar a tampa da caneta que a gente já nem se lembrava. Confrontar novas vontades, medos e escolhas. O problema é que essa desordem nos leva para um beco escuro. É é aí que mora o perigo. Sei que é clichê, mas eu preciso te pedir força e paciência. Tudo vai passar.

Esse momento quer te levar pro beco.

Corra, pequena, CORRA!

O beco é estreito e vai te apertar.

A vida é avenida e vai te cansar.

Suas pernas são curtas, mas vão te levar para onde você precisa.

Tudo é momento.


Até mesmo a terra, que tem essa beleza inerente, precisa girar para que tudo aconteça. A tempestade e a bonança.

Ps¹: Eu queria um texto menos bunda mole, mas foi o que consegui hoje.

Ps²: Tive que me conter em vários momentos para não usar as expressões "bela duma gozada, vamo encher a cara e sambar até o pé cair". Fiquei com medo de não conseguir linkar o rastro poético do fim do texto.





domingo, 21 de setembro de 2014

Por natureza

Hoje foi mais um dia que passou em câmera lenta. Nesses dias a sensação de estar deslocado no tempo e no espaço é mais intensa que nunca. Sinto como se eu tivesse sido abandonado em um mundo diferente da minha natureza. Eu sou espectador daquilo tudo. Interajo de acordo com o que aqueles personagens me permitem. Não faço esforço para fazer parte daqueles diálogos. Quando o faço, sinto que estou invadindo um espaço que não é meu. Lembro-me de sentir isso desde sempre. Desde quando eu era criança e queria ficar quieto, deitado de bruços no chão da sala, escrevendo ou desenhando qualquer coisa. Sempre me senti muito diferente dos meus amigos e familiares. Acho que nunca relaxei de verdade na vida. Nem mesmo durante o orgasmo. Eu sempre estou questionando mentalmente. Tudo. Eu não consigo me concentrar no momento. Eu fico vagando entre o passado, o presente e o futuro. Nada me prende. Tudo é muito superficial e meus movimentos são mecânicos. Não é tristeza, nem insatisfação. Não sei se tem nome. Ou talvez seja o que chamam de angústia. E se for, não sei dizer o que a causou.


Acho que sou angustiado por natureza.

domingo, 3 de agosto de 2014

Tímido

Todo o seu cuidado
Toda essa leveza
Tudo o que foi pensado

Tudo o que desejava
Agora eu tenho em nossa casa
Sob o teto da verdade
E a maciez da nossa sinceridade

A facilidade da nossa relação
É o contrário da amargura de outra comunhão
Se à base de rancor ela é feita
Aos meus olhos a nossa é perfeita

É muita gente dizendo que não gosta
Que se danem!
Nós nos entendemos
Que sorte a nossa!

Se esse texto não conta com métrica
Sem problemas
Nossos corpos não respeitam as regras

Depois de descobrir a afinidade do toque
A imaginação fica a mil
Os olhos se fecham
E não é só o calor que sobe

Agora eu preciso parar de escrever
Meu pensamento foi pra longe e chegou a você
Você bem sabe no que isso vai dar
E não é da "pequena morte" que eu quero falar...

Então vou parando por aqui
Meio desajeitado
Nas entrelinhas do poeminha tímido

O que eu quero, falo.  

domingo, 11 de maio de 2014

A Sombra

Muito além de ressaca moral. Na verdade, passa bem longe disso. Não me arrependi. É que o vazio continua aqui. Não que eu quisesse preenchê-lo com um momento tão fortuito. Mas eu queria fazer alguma coisa, dar um passo a diante, sair da zona de conforto. E saí. Pelo menos por algumas horas. Curti aquela onda por algum tempo, dormi. Agora eu acordei e vi que talvez eu ainda precise permanecer fora da zona de conforto por mais tempo. Quem sabe assim eu aprenda a me conhecer melhor, saber do que gosto e o que quero para mim.

Talvez seja algo muito óbvio para todo mundo, mas tenho percebido isso faz pouco tempo: há uma grande diferença entre o que a gente imagina que é bom, e o que realmente faz bem. Talvez ter me privado de muita coisa no passado possa ter trazido muitos sentimentos juntos, misturados, bagunçados, confusos. Agora, nesse caos, tento classificar as cores pelos cheiros, os toques pelo gosto, e a paixão prolongada pela mais pura fugacidade.

Acho que essa anestesia que sinto agora é fruto da dúvida, do possível falso desejo e da incerteza do que vou querer amanhã. Mas sei que ainda virá muita coisa para me confundir ainda mais, aguçar o meu desejo pelo desconhecido e, além de me instigar a curiosidade, trazer as chagas de uma história mal resolvida aqui dentro.


“Enquanto há desejo, não há paz.”



quarta-feira, 9 de abril de 2014

Gente rasa e o fundo do poço

Uma breve divagação sobre gente rasa e o fundo do poço: quem é raso vive, aparentemente, melhor do que quem está no fundo do poço. A superfície é o topo, o olhar de cima, é estar aquém do peso que a pessoa lá do fundo tem que suportar. Não mergulhar garante ar infinito, combustível para gozar da leveza de não se deixar ser segurado. O fundo do poço é doído, penoso, incerto... pesado. O prazer de ver a luz la no topo é grande, mas a gente sabe que está distante, que agora não dá. Tem outras coisas, tem mais gente, não dá pra flutuar. A gente sabe que não dá pra se desfazer do peso da responsabilidade, do afeto, da lealdade, do amor... o fundo pesa, mas é real. É de verdade.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Feito de papel


Desistir também faz parte da sensatez. Nem sempre faz parte da simples fraqueza. Saber entender meus limites, aceitar que não dá mais, que não faço parte, é me respeitar. Sim, admito que não posso continuar nas aulas do curso de Designer Gráfico. Não dá. Não é justo comigo nem com meus colegas de sala. Imaginem fazer um trabalho em grupo/dupla comigo? Não quero fazer, não tenho vontade. Poucas vezes fiz alguma atividade que eu realmente tenha sentido orgulho. No fundo eu nunca me vi vivendo fazendo aquilo pra sobreviver até quando a natureza quiser. Saia do trabalho e ia pra aula furioso com o trânsito, com as pessoas mal educadas, cansado do dia estressante... Só pensava em chegar na sala e chamar minhas amigas pra uma cerveja e um churrasquinho de gato lá fora comigo. Ah, era a minha salvação umas três vezes na semana, pelo menos. Nos laboratórios eu olhava ao meu redor e via as pessoas produzindo, e eu lá... parado... zumbizando pela internet. Eu me esforçava, juro. Participava na produção das peças quando era trabalho em grupo (no último foi um esforço sobrenatural, diga-se de passagem. desculpa aê, Helo!), gostava bastante das aulas de Comunicação, inclusive. Mas, cara, era pesado ter que ir e vegetar até a hora da chamada, responder “presente” e partir. Aquilo não fazia mais sentido pra mim. Na verdade já não fazia há muito tempo. Quando voltei às aulas nesse ano entrei numa de “Agora eu não desisto. Vou terminar essa bosta”. Quanto desrespeito comigo mesmo. Eu não preciso terminar se eu não quiser. Eu já entendi e aceitei que não é pra mim, pelo menos não agora. Quero fazer outras coisas.   Preciso de uma segurança maior no meu futuro. Não dá pra “terminar por terminar”. Se algum dia eu sentir vontade, eu volto. Faço de outra forma. Mas hoje não. Hoje eu voltei pra casa depois do trabalho. As pessoas mal educadas estão cada vez piores, o trânsito cada dia mais cagado (oh, MOVE), as responsabilidades cresceram e há dias em que o estresse parece tomar conta da parede até o teto. Voltarei a tomar cerveja somente aos finais de semana e chamarei minhas amigas pra isso. Agora eu sinto um alívio. No meu canto, no meu tempo, no meu teto. Tá tudo bem, vou recomeçar.



“Preciso aprender a me respeitar
Saber de quem eu devo me afastar”

quinta-feira, 6 de março de 2014

Pra ter fim

Eu queria continuar, ir até o fim. Eu queria sentir a decepção mais pura. Mais real. Não foi o suficiente pra mim, queria ir mais longe. Queria sentir mais, gozar mais, doer mais. Quero. Quero que o desejo volte para dilacerar o que restou de bom. Não quero mais lembrar o que foi bom. Eu quero um fim trágico, doído. Quero sentir o gosto amargo da lembrança do seu gosto que eu gostava de gostar. Eu quero terminar. Quero chegar no começo e ir até o fim, até o último suspiro, a última gota, o último toque, o último jamais, o último não tem mais jeito.