Vou começar aqui um devaneio sobre um assunto que desagrada a todos (não obstante, necessário), por ter se tornado mórbido, já que é um mistério para o homem, apesar de existirem diversas versões para sua causa, conseqüência, existência ou não: o fim da vida. A morte.
Hoje em dia eu consigo ver a morte com olhos mais práticos e menos sentimentais; religiosos. Desde o início de nossas vidas, a morte é dada como certa, misteriosa, punitiva, mas nunca de forma natural. Sempre vista como a porta de entrada para a colheita do que foi plantado durante a vida: quem é bom, vai para o céu; quem é ruim, para o inferno. A religião vem sempre com uma visão mais assertiva trazendo essa divisão, segundo seus seguidores, indiscutível. Mas essa história do céu/inferno, cima/baixo, é muito burocrática e terrena. É como separar os alunos bons dos maus, os bêbados e os sãos, os pobres dos ricos, etc. E se o “carpe diem” for a forma mais verdadeira e humana de viver a vida? E se o correto for ser, como Nitizsche diria, “humano, demasiado humano”; deixando sua natureza competitiva e egoísta te levar, sem pensar nas regras políticas da boa convivência? Passamos a vida seguindo valores agregados durante o nosso crescimento, mesmo que não os pratiquemos sempre, buscando uma vida próspera, feliz. Para que no fim de tudo tenhamos a certeza de que o reino dos céus estará em festa aguardando nossa chegada. Mas, se o medo e pavor de morrer é quase unanimidade, para quê viver com a tal idéia de recompensa final? Esse é o único alívio pára o incomodo que a presença constate da morte traz. Creio que a morte deve ser discutida sem paradigmas e embasamentos cegamente religiosos. Deve-se filosofar sem medo. Sem amarras da força e presença que a palavra causa. Só assim, discutindo e levando em consideração de que a morte pode ser algo bem além do “Bem” e do “Mal”, é que o sofrimento de sua chegada será amenizado e, desejo muito, que extinguido. Esse texto já está caducando. Já cumpriu com sua obrigação aqui; disse um pouco do que penso. Já deu frutos, mesmo que não iguais a ele. Já não e mais saudável quanto era em suas primeiras linhas. Vou entregá-lo ao prazer do fim de uma prolongada e exaustiva existência...
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