sábado, 5 de novembro de 2011

Quem foi?

Nem esperava, foi inacreditável

Seu rosto era o mesmo

Seu cheiro era diferente


Olhei em seus olhos

E acreditei de verdade

Nas palavras embriagadas


O que queria me dizer?


Quando beijei sem a mesma vontade

Despertei o mais profundo desejo

Que adormecia em minha alma


Mas hoje quando acordei

Meu coração queria sair pela boca

Você tinha me dado o segundo beijo


Talvez ele quisesse fugir de mim

Sabendo que não era saudável

Até que realmente acordei e me perguntei


Qual foi a sensação de me ter?


Você sabia o quão intenso era

Minha vontade de sentir você?

Você sabia, você não queria


Depois me cobrou com os olhos

Uma obrigação que quis se abster

Hoje eu não sei o que pensar de você


Qual foi a sensação de me perder?

sábado, 22 de outubro de 2011

Palavras

E o que eu faço

Com todas essas palavras rodando

E minha cabeça fritando

A minha boca vai soltando

Todas elas sem pensar


Nem todos estão esperando

Essa desordem se libertar

Eu sinto muito se elas entram tão brutas

É que eu não tive tempo

De lapidar nessa gruta


É que pra mim não pode ser ontem

Tem que ser agora

Pra amanhã eu querer

Uma palavra nova


E não perder o tesão de me libertar

No momento que ela sai pela porta

Vai pro mundo, e não se ela volta


Eu grito que amo

Mas odeio também

Vai de um extremo ao outro

É isso que me mantém

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Quando escolhi ser livre

Quando escolhi ser livre,

sabia que os detentos iriam se rebelar.

Nada novo, tudo igual

Não podia me arriscar


Quando escolhi ser livre

Vi minha vida mudar

As paredes que me cercavam

Abriram portas pr’eu passar


Quando escolhi ser livre

Vi meus entes entristecerem

Eu não era aquilo que eles queriam

Queriam ver eles mesmos crescerem


Quando escolhi ser livre

Cheguei aqui fora assustado

Encontrei um novo mundo

Diferente do meu mundo calado


Agora livre aqui fora

Vou conhecer outros olhos

Correr mundo a fora

E hoje eu sei

Sou mais feliz agora

Meu Pranto

Nunca verão minhas lagrimas em vão

Elas brotam por dor dos que partiram

E dos nunca mais voltarão


Dores da carne viva

São dignas do meu pranto

Dessas só remédios trazem o acalanto


Chorar por dor de amor

Não pertence a minha vivencia

Não choro pela paixão traída

Essas mudam, mas sempre terão a mesma essência


Quando as lágrimas caírem

Deixe que elas se resolvam

Elas secam sozinhas

E não pelas mãos de outro

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Amor, amor.

Eu sei que sou bom além do necessário. E por isso você tem tanto medo de mim. Coloque meu nome aí na sua lista, que você vive dizendo ser repleta de experiencias. Na frente escreva que você nunca sentiu nada igual, que vai se arrepender de ter sido covarde e que o mais prejudicado é você. Quero que você sinta meu cheiro a cada vez que o vento soprar, desejo que sua boca salive até desidratar, sentindo saudade do gosto do meu beijo. Quero também que todo carinho que os outros vão te oferecer, chegue até o seu rosto como o fio de uma navalha gelada. Sinta em sua carne o ardor de toda a paixão que sinto por você, e que me fez escrever o que você lê agora. Sim. Não consigo parar pensar em você, nos momentos em que te dei todo o carinho e atenção que nenhum outro até agora sentiu. Eu sou seu ursinho macio na pele de um ogro. Sou toda essa raiva contida e o amor como um todo. Amanhã quero acordar virgem de seus beijos e afagos. Não quero mais sentir falta daquele outrem que conheci. Quero partir da sua vida como um estranho numa multidão. Não quero mais ser dócil, não quero ser dócil. Certa vez você me disse que sua mãe lhe ensinou a não aceitar doce de estranhos.

"Amor, amor, vou te deixar morrer de novo."

sábado, 13 de agosto de 2011

Humano, demasiado humano

Quando compreender o homem

Será seu ultimo feito

Estará fora de si

Traduziu o ser mais imperfeito


Satisfação não é seu natural

Nem mesmo quando está feliz

Como pode querer mais

Quando tem o que sempre quis?


Nada importa quando está cômodo

Se inquieta quando se acalma

Sempre busca o contrario do que tem

Nunca dá descanso a sua alma


Se reclama por amar alguém

Senta e chora quando não mais o tem

Lamenta por estar sozinho

As vezes foge se um parceiro vem


Ser humano insatisfeito

Não sabe o que quer

Sempre busca um caminho

E não entende o que é

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O que é a amizade pra mim?

Quando se tem certa distancia de alguém querido, fica mais fácil enumerar defeitos e qualidades, já que esse distanciamento deixa os pros e contras mais vulneráveis ao julgamento emocionado. É difícil mensurar os defeitos e qualidades dos que estão muito próximos, quando se ama alguém, fica mais complicado de explicar o que agrada e o que incomoda. Junta tudo numa coisa só. Quando eu digo que alguém é meu/minha amigo/amiga, quero dizer que os compreendo e aceito nessa totalidade, esse "tudo numa coisa só", que eu chamo de AMIZADE.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

É a cara do amor.

Falar de amor? Sei não. Tá meio estranho falar disso agora. Sempre que quero falar de amor, acabo sem falar nada por não saber por onde começar. O amor pode ser assexuado, sexuado, platônico, dependente, conveniente...

O que eu sinto agora é simplesmente amor. Quero amar e pronto. Seja ele como for. Quero amar minhas amigas de trabalho, minhas lindas cachorrildas Sofia e Suka, minha família, minha amiga de pouco tempo, amiga de muito tempo, meu amigo de muitíssimo tempo que há tempos não vejo. Quero amar.

Quero amar até esse sms que acabo de receber d’uma amiga, me chamando de lindo e dizendo que está aliviada por não terem descoberto sua cagada e que pegou os dois caras que estava afim. Quero procurar as pequenas coisas para amar.

Outro amor que ando sentindo falta, é o do contrato com outra pessoa. Só nós dois podemos gozar desse sentimento. Sim. O namoro é contrato de exclusividade. Salvo os casos de adendos pelo percurso, sendo eles consentidos ou não. Taí, traição é quebra de contrato.

A vontade de amar de modo diferente um certo alguém, traz consigo um sentimento de querer amar o primeiro que se voltar totalmente para sua necessidade de atenção integral. Mas nem sempre é possível apresentar o contrato de exclusividade, ou às vezes por esse alguém não querer ser exclusivo, ou por não querer nenhum tipo de compromisso com você. Nem mesmo o compromisso descompromissado.

Falar de amor? Não. Quero mais não. Quero terminar esse dia sem falar nele. Sei que ele não vai com a minha cara mesmo.

Como é o amor? Imagino que seja assim: sem rosto, sem cheiro, sem cor, sem gosto, sem força, sem noção, sem sentido, com beleza, com feiúra, com cheiro de coisa boa, com cor de saúde, com gosto de beijo, com força descomunal, com noção de felicidade, com sentido direto no peito.

Ah, o amor! Me faz até acreditar que eu sei amar.

sábado, 7 de maio de 2011

Menina, eu sou é home...

Se eu sou menino que chora

Não gosto de jogar bola

Gosto mesmo é de moda

E ouço a voz do coração


Não quer dizer que sou menos homem

Tenho toda a documentação

Até couro de lobisomem

Aprendi a andar na contra mão


Tava cansado de ouvir tanta besteira

Dividiam a brincadeira

Só pelada, pique-pega

E eu querendo jogar peteca


Pra ser machão:

Coça o saco, Cospe no chão

Veste a peita do timão

Se tem problema, resolve na mão


Agulha e linha

De jeito maneira

-Sua irmã é costureira!

-Você deve buscar o pão!


Quando crescer

-Quero ver ser doutor!

-Engenheiro, não cantor!

-Nem pensar em ser ator!


Pensando bem, era isso que eu queria

É mais fácil ter a vida

Que meu pai me obrigou



terça-feira, 3 de maio de 2011

Onomatopeia

Dia desses, enquanto eu dormia na PA, meu supervisor me acordou perguntando o que era aquilo. Eu disse que era sono. Retórica: não dormiu essa noite? Disse que não. Estava escrevendo um roteiro. Ele se deu ao trabalho de perguntar "PRA QUÊ?". Nada não. Só gosto de dormir na PA mesmo. ZZZZzzzzZZZzzzzzzZZZZzzzz

sábado, 9 de abril de 2011

Eus

Um dos milhões que sou, não tem muitos pudores. E talvez por isso seja tão reprimido quando encontrado no refúgio do anonimato.

As vezes me pego fugindo de mim mesmo quando apareço de uma forma não convencional. Existem vários de mim que nem eu mesmo conheço. Sei que existem, mas não conheço. Já percebi a presença muito forte do maldoso, frio, calculista. Sei também que existe o extremamente carinhoso, atencioso e romântico. Outrora me pego confabulando em pensamentos com o obsceno, sádico, promíscuo, despudorado, intrépido.

Tive dia desses, a oportunidade de coloca todos esses de mim para fora, e existir de outra forma. No momento em que fico de frente para esses “eus” me sinto acuado da boca pra fora, e reprimo o que vem de dentro. É um bloqueio que vem do subconsciente, ou sei lá de onde. A minha real vontade é de deixar todos virem à tona, acabar com a imagem que têm de mim, seja ela qual for, no exato momento em que minhas atitudes são vistas previsíveis. A vontade de fazer o inesperado é tamanha que assusta. Tenho medo de ser um caminho sem volta. Ou trazer conseqüências sérias, não salvo o risco de morte.

Pode parecer que estou levando tudo isso para uma dimensão desnecessária. Mas não, é a dimensão real da situação. É puro medo e pudor em demasia. O que acontece pode ser relacionado a uma ração química, tipo a combustão: situação atípica + medo do desconhecido = INSEGURANÇA.

Sempre tenho a sensação de estar perdido, e num constante desejo de que alguém venha me mostrar o caminho de saída. Ou de entrada para outra vida. Uma nova vida.

Porém, sei que basta ter coragem de enfrentar meus demônios e me livrar de toda a santidade que se mantém inerente em minha sensatez criada durante uma vida de repressão e confinamento em mim mesmo. A liberdade ainda é condicional. Devo reconhecer que já desconstruí muito do que eu era, e dessa forma sou mais feliz. Mas a busca da felicidade é constante. Somos insatisfeitos e sempre queremos a grama do vizinho. Meus amigos são mais livres, eu sou preso. E sei que, quando conseguir minha liberdade plena, sentirei vontade de me prender em alguma coisa só pra me sentir inquieto e buscar outro de mim.

domingo, 27 de março de 2011

Pensado e escrito

Acredito que o homem hétero tem mais preconceito contra o gay não afeminado. Os trejeitos afeminados carregam a lembrança da imagem de uma mulher, que logo é relacionada ao paradigma do sexo frágil. Um afeminado não representa perigo, é o cabeleireiro amigo. O não afeminado é imagem e semelhança de um hétero. Hétero esse que sente o ardor do ego de “macho alfa” ferido, já que tal semelhança física o equipara a um gay.

domingo, 20 de março de 2011

Como Nasce um Paradigma


Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jacto de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancada.

Passado mais algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que lhe bateram. Depois de alguma surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o facto. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam a bater naquele que tentasse chegar às bananas.

Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...". Não devem perder a oportunidade de passar esta história para os vossos amigos, para que, de vez em quando, se questionem porque fazem algumas coisas sem pensar ...

Fonte: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061108125004AAuTy8I

quinta-feira, 10 de março de 2011

Deep Pink

Quantas vezes você é parado na rua para dar atenção a alguém que pede alguma ajuda? Pouco para informação; as vezes pra pedir sua cerveja; e quase sempre para vender alguma coisa. Há uma abordagem que coloca qualquer uma dessas no bolso: pedir dinheiro.

Estávamos eu e uma amiga, em uma livraria DENTRO DE UM SHOPPING, fazendo planos para uma viagem, anotações de um projeto, observando as outras pessoas que passavam por ali e tomando cada um sua bebida. E eis que se aproxima de nossa mesa uma jovem, com os olhos assustados, voz baixa, bem mansa, pedindo dinheiro a fim de comprar comida para ela e seus irmãos. Sempre proferindo frases clichês nos agradecendo em nome de Deus, sem nem mesmo ter ouvido nossa resposta. Obvio, queria nos convencer clamando por dó e temor divino. Refleti por um instante: “Dinheiro eu não dou. O único “vício” que sustento é o meu”. Depois da breve reflexão respondi: “Não. Não tenho.” Minha amiga, acredito eu, seguindo a mesma linha de raciocínio, disse o mesmo. A jovem, que provavelmente já tem experiência com esse tipo de situação, respondeu em contra partida: “Então me dá alguma coisa pra comer?”. “Sim. Peça um pão de queijo a garçonete”, respondi. Fiz um sinal de positivo autorizando o pedido. Já estava observando a jovem desde sua entrada no local. Não estava mal arrumada, não cheirava mal, sabia usar as palavras. Teria ela algum desvio mental? Ou seria uma dependente química? Continuei observando, tentando prestar total atenção no que minha amiga dizia, mas era difícil, ela continuava parando de mesa em mesa. Não conseguia entender o que ela dizia, só sei que os olhos continuavam assustados, mas agora estavam carregados com um pouco de ódio. O novo alvo escolhido não teve a mesma paciência que eu e, provavelmente, havia negado algo a ela. A jovem, agora comendo o lanche oferecido, desejava algo para beber. Voltou em nossa mesa. Agora pedia um café a minha amiga, que respondeu negativamente. Se achando no direito de questionar a resposta, respondeu num ímpeto velado: “Ele me deu o pão de queijo, você poderia me dar pelo menos um cafezinho”. Naquele momento perdi toda a compreensão que havia me levado a dizer sim outrora: “Já te dei o pão de queijo, está de bom tamanho”. Indignada, a jovem saiu resmungando sobre minha resposta, com um olhar querendo dizer “você me paga, te pego na saída, etc”. Toda aquela movimentação chamou atenção das garçonetes, que foram logo cercando-a e pedindo para que se retirasse do local. Continuei observando. Ela não se conformava com a ideia de ter que sair dali sem seu “cafezinho”. Logo que desceu as escadas, comecei a questionar com minha amiga, sobre a aparência da moça: roupas limpas, cabelo bem cuidado (com californianas), tênis de marca e um detalhe que me chamou ainda mais atenção. As roupas poderiam ser de doações, mas e as unhas bem feitas da cor Deep Pink?




Victor Hugo

segunda-feira, 7 de março de 2011

Morte

Vou começar aqui um devaneio sobre um assunto que desagrada a todos (não obstante, necessário), por ter se tornado mórbido, já que é um mistério para o homem, apesar de existirem diversas versões para sua causa, conseqüência, existência ou não: o fim da vida. A morte.

Hoje em dia eu consigo ver a morte com olhos mais práticos e menos sentimentais; religiosos. Desde o início de nossas vidas, a morte é dada como certa, misteriosa, punitiva, mas nunca de forma natural. Sempre vista como a porta de entrada para a colheita do que foi plantado durante a vida: quem é bom, vai para o céu; quem é ruim, para o inferno. A religião vem sempre com uma visão mais assertiva trazendo essa divisão, segundo seus seguidores, indiscutível. Mas essa história do céu/inferno, cima/baixo, é muito burocrática e terrena. É como separar os alunos bons dos maus, os bêbados e os sãos, os pobres dos ricos, etc. E se o “carpe diem” for a forma mais verdadeira e humana de viver a vida? E se o correto for ser, como Nitizsche diria, “humano, demasiado humano”; deixando sua natureza competitiva e egoísta te levar, sem pensar nas regras políticas da boa convivência? Passamos a vida seguindo valores agregados durante o nosso crescimento, mesmo que não os pratiquemos sempre, buscando uma vida próspera, feliz. Para que no fim de tudo tenhamos a certeza de que o reino dos céus estará em festa aguardando nossa chegada. Mas, se o medo e pavor de morrer é quase unanimidade, para quê viver com a tal idéia de recompensa final? Esse é o único alívio pára o incomodo que a presença constate da morte traz. Creio que a morte deve ser discutida sem paradigmas e embasamentos cegamente religiosos. Deve-se filosofar sem medo. Sem amarras da força e presença que a palavra causa. Só assim, discutindo e levando em consideração de que a morte pode ser algo bem além do “Bem” e do “Mal”, é que o sofrimento de sua chegada será amenizado e, desejo muito, que extinguido. Esse texto já está caducando. Já cumpriu com sua obrigação aqui; disse um pouco do que penso. Já deu frutos, mesmo que não iguais a ele. Já não e mais saudável quanto era em suas primeiras linhas. Vou entregá-lo ao prazer do fim de uma prolongada e exaustiva existência...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Neverland

Fugiu como uma criança que vai pra Neverland

Compromisso não era seu amigo

Preferiu se divertir com o inimigo

Só até se machucar

Correu pros braços daquela sempre lhe acolheu

Tomou um fôlego e desapareceu

Correu por vários lugares

Fez muitas de suas vontades

Até com a polícia se meteu

Filho de família pobre

Gente educada e honesta

Mas com ovelhas negas se entreteu

Se gabava das putinhas que comia

Mas nenhuma o prendia

Queria que o mundo fosse seu

Com os estudos não queria perder tempo

Passou a duras penas

E com o pai foi trabalhar

Enxada e pá; agora suas amigas

Calejou suas mãos

E com a vaidade ferida

Foi um emprego procurar

Caiu naquele que era lugar de muita gente

Quem passava na porta procurando se empregar

Logo se acomodava em um lugar onde não queria estar

Passou um tempo orgulhoso pelo espaço que na carteira vivia vazio

Mas, que agora, um moço acabou por assinar

Brigou com o chefe

Disse que aquele lugar não podia suportar

Fazia do lugar do ganha pão

Uma completa diversão

E com o chefe voltou a brigar

Essa foi a última, pois naquele lugar

Não ia mais voltar

A mãe guerreira

Queria ver o filho novamente empregado

Tratou de arrumar uma vaga

Naquela empresa que muita gente gostava de falar

No primeiro mês, muitos planos e elogios

Todos se iludiram, achando que iria mudar

No mesmo tempo, resolveu que só de duas rodas queria andar

Correu atrás de sua vontade

Mesmo que na malandragem

Sua moto conseguiu comprar

Mas estarrecida, a família sempre se perguntava:

- Como é que vai pagar?

Nem na primeira cumpriu com a palavra

Saiu pela estrada com uma qualquer a garupar

Ela virou sua cabeça, queria que como condessa

Ele começasse a tratar

E assim o bobo o fez

Ergueu a cabeça para se fazer de mauricinho

Sendo que na sua casa, a dívida continuava fluindo

A mãe de cara a nora rejeitou

Disse que ela não prestava e o seu filho aconselhou:

- Abre seu olho, que o bico dela, já abriu.

E como a mãe previu, muito tempo não demorou

Não deu conta de sustentar a vossa alteza

E o bobo da corte virou

Fingiu durante um tempo, que tinha se endireitado

Mas sempre saia calado

Pois aos boêmios companheiros

Ainda não tinha largado

Criou até mesmo um vício

Que durante a vida, havia abominado

E que quando ele ainda era criança

A mãe avia largado

Sobre duas rodas viveu intensamente

Passou por ruas e nascentes

Por muitas vezes, sofreu acidentes

Os chefes não ficaram contentes

E somando outros incidentes

Preferiram dele se livrar

Chegou em casa

Saiu mais cedo do trabalho

Pai e mãe embasbacados

Com o que teria acontecido

Já prevendo o que ocorreu

Abriram a boca e ele respondeu:

-Fui demitido. Mas o culpado não fui eu!

Entrou no quarto

Com a raiva expressa

Perguntou pra si mesmo:

-E agora o que faço?

Mais uma vez, lamentava o fracasso

Os pais entraram logo em seguida

Questionando o motivo de tal atitude atrevida

Que resolveu tomar

Então, em prantos lamentou

Quem mesmo dizendo que por muito tempo agüentou

Não queria ter desdenhado da oportunidade do trabalho

Mais uma vez, jogado as traças

Nenhum dos boêmios se dispôs a ajudar

Mas ainda assim, lhes dispôs em diversão

Tudo o que poderia gastar

A mãe percebendo que muitas dívidas teria que pagar

Resolveu lhe salvar, pôs seu nome a prova

Sabendo da cria que, muito, não podia esperar

Para não dizer que não houve um amor

Uma corajosa ele arrumou

Enquanto não tinha boemia para lhe levantar

Resolveu que com ela um tempo iria passar

E assim foi, ela aceitou

Depois de ter arrumado um bico

Num novo emprego se arranjou

Cortava carnes para muitos loucos

Mas o juízo ainda era pouco

O almoço era quase dia de folga

Queria que o tempo engatinhasse

Para que dele não descuidasse

Mas cá entre nós, era pura malandragem

Não muito satisfeito com a chefia

Gritou aos quatro cantos que obrigação a ela não devia

E assim, aconteceu o que já sabia

Na manhã que prosseguia, voltou ao lugar onde ordens recebia

A demissão foi seu bom dia!

Outra vez, o tempo fechou

A santa, a mãe, se desesperou

Prometeu mais uma vez não interceder

Viu a mesma cena acontecer

E em mais um problema sua cria se meter

E mais uma vez

Fugiu como uma criança que vai pra Neverland

Compromisso não era seu amigo

Preferiu se divertir com o inimigo

Só até se machucar

Correu pros braços daquela sempre lhe acolheu

Tomou um fôlego e desapareceu

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Plaisir

Diante do nada, me resta vontade.
Durante o momento, a curiosidade.
Depois da curiosidade, a necessidade.
Por instinto num momento
Me veio a cabeça movimentos
A boca, a água
No corpo o pecado
Arrepiado com o que imaginava
A vontade não cessava
E tudo me perguntava
-É o que te faltava?
Foi estranho, a pele sentindo
O pecado sorrindo
O medo partindo
E mais, mais um pouco
Mas não mais
Só pra deixar na saudade
Depois de saber do que é bom
O nada e o quase lá
Estão no mesmo patamar
E é aí que entendemos
É indispensável, inevitável
É a carne por si só
Entregue num fluxo vital
“E eu perco a voz
Quero mais...”


Victor Hugo Andrade

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Só dois


No caderno manchado de tinta

Nas ultimas paginas escritas

Vejo um momento

Leio um pensamento

Me lembro do que me fez sentir

Vejo no céu estrelado

Ou com o tempo nublado

Que o que bate no peito

É o que vem de jeito

Ontem tava lendo o que escrevi

E as coisas que mostrou pra mim

Pedaços de papeis rasgados

Com sentimentos desfiados

Em frases que agora eu nem sei dizer

Ou aquele sentimento da música

Que me lembrou

Que aquilo tudo era bobagem

E daquela pessoa

Que te fez suspirar

E me deu saudade

Ou aquele buteco

Lá na esquina do centro

Onde sorriamos atentos

Para o que o outro queria dizer

Parece loucura

Mas não mudo minha postura

Foi assim que te encontrei

Posso apostar

Isso tudo vai durar

Era você que eu sempre esperei


Victor Hugo Andrade/ Carolina Helena

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Madrugada


Gosto da madrugada

Porque, além de mim, não há mais nada.

A não ser o cão que ladra

Ou o morcego que bate a asa.


Gosto de ficar sozinho

Pensando a noite no meu quarto

Sem ter que abrir a janela para outras mazelas.

Gosto do canto do galo.

É quando me calo e deixo a alma falar.

Assisto a noite virar dia

E a sintonia do sol com o fim do luar.

O escuro faz companhia a minha pele vazia

Que eu deixo respirar.

Gosto da sensação de solidão

Mas sei que tudo vai voltar.


Victor Hugo Andrade